Entenda melhor a espasticidade

espasticidade em braço e perna
Espasticidade em braço e mão
espasticidade em quadril, perna e pé
Espasticidade em quadril, perna e pé

As posturas anormais vistas nas imagens acima, em braços e pernas, são causadas pela espasticidade, uma das consequências das lesões e doenças neurológicas. Este artigo foi escrito para que você entenda melhor a espasticidade.

A espasticidade é típica e comum em doenças como acidente vascular cerebral (AVC), paralisia cerebral, esclerose múltipla, trauma cranioencefálico, trauma raquimedular, estados vegetativos e outras. Portanto, afeta um grande número de pacientes neurológicos. A espasticidade é mais visível em braços e pernas, mas pode acontecer na musculatura do rosto, do pescoço e do tronco.

Muitas pessoas que vivem o contexto do paciente neurológico se defrontam com esta alteração física e procuram saber mais sobre ela. Isso é esperado, pois as dificuldades advindas da espasticidade são muitas e de difícil manuseio.

É a espasticidade que dificulta levantar o braço do paciente para trocar a blusa, que impede de colocá-lo sentado porque a perna não dobra, que mantém as mãos fechadas com toda força ou que mantém o pescoço virado fixamente para um dos lados.

O principal problema neurológico

Este artigo visa ajudar, de forma simples e didática, às pessoas que necessitam entender melhor o tema. É importante que você, que vive este contexto, entenda melhor a espasticidade.

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Dos diversos sinais e sintomas que surgem nas doenças do sistema nervoso, a espasticidade é o que possui maior potencial para complicações no físico, no movimento e na reabilitação. Sua ação, quando não tratada adequadamente, pode levar a encurtamentos, deformidades, luxações, dor, paralisia dos movimentos e incapacidade funcional.

A espasticidade entra no capítulo da Neurologia que trata das “alterações de tônus”, permitindo também ser chamada de hipertonia espástica, significando HIPER (aumento) e TONIA (tônus). Portanto, antes de entender melhor o que é espasticidade ou hipertonia espástica, é importante entender o que é tônus (também chamado de tônus muscular).

Tônus

Basicamente, tônus é um “estado” de contração muscular. Dizemos “estado” porque o tônus muscular não é fixo, ora variando para mais, ora para menos. Assim, quando o tônus está mais alto, ele produz MAIS CONTRAÇÃO (e menos relaxamento) e quando o tônus está mais baixo, ele produz MENOS CONTRAÇÃO (e mais relaxamento).

É este “estado de tônus” que permite e que promove as “contrações” e os “relaxamentos” normais dos músculos, permitindo todos os nossos movimentos diários, sempre automaticamente.

É fácil entender como o nosso tônus normal aumenta e diminui a fim de nos proporcionar movimentos funcionais. Abaixo, observe o nosso movimento de caminhar:

movimento normal de caminhar
Movimento ao caminhar

Agora que entendemos um pouco sobre o tônus muscular, vamos entender o que é espasticidade.

Entenda melhor a espasticidade

Apesar do tônus se manifestar nos músculos, ele é uma propriedade do sistema nervoso, ou seja, dos diferentes níveis de neurônios e de sua atividade elétrica atuando, por fim, sobre os músculos corporais. Isso explica porque são as lesões e doenças neurológicas que alteram o tônus levando, assim, à espasticidade.

Quando existe uma lesão do sistema nervoso (uma lesão neurológica), devido a alguma doença ou trauma, o “estado” de tônus torna-se anormal, às vezes diminuindo em excesso (causando uma HIPOTONIA ou flacidez), outras vezes aumentando ­em excesso (causando uma HIPERTONIA), como a espasticidade.

distúrbio do tônus
Distúrbio do tônus

Estes reflexos, mesmo acontecendo nos músculos, têm origem no sistema nervoso e são controlados por uma hierarquia neural. Esta hierarquia se dá de cima para baixo, com as áreas neurológicas mais superiores controlando as mais inferiores. Como os músculos são a área mais inferior e final dessa atividade nervosa (que é químico-elétrica), é neles que aparecem as alterações em caso de anormalidade.

Liberação de reflexos

Por isso, falamos em “liberação de reflexos”, pois, sem controle superior, os músculos ficam liberados para se contrair exageradamente, não conseguindo relaxar naturalmente. A espasticidade tem origem por lesões nestas áreas superiores do sistema nervoso…

Lesões do cortex cerebral até o nível da medula levam à espasticidade
Lesões do cortex cerebral até o nível da medula levam à espasticidade

Nos dois exemplos abaixo, podemos ver o que acontece quando ocorre a “liberação dos reflexos musculares”. Sem controle dos níveis neurológicos superiores, nestes casos devido a AVC, os músculos se contraem exageradamente para dobrar a perna. Na falta de tratamento adequado, um encurtamento definitivo é iminente.

Espasticidade devido a reflexo flexor das pernas
Espasticidade devido a reflexo flexor das pernas

Um diferenciação importante: TÔNUS e TROFISMO são coisas diferentes. Ao contrário de TROFISMO (por exemplo, a hipertrofia muscular do atleta), que pode ser identificado ao olhar, o TÔNUS em si não se vê, sendo identificado pela palpação, por movimentos provocados ou mesmo pelas posturas apresentadas pelo paciente (como vimos aqui).

Então, o que se vê são as alterações posturais típicas de uma musculatura “hipertonica” ou “espástica”, não cabendo o termo “atrofiado”.

Conceito técnico

Agora, por se tratar de um conceito absolutamente técnico, a dificuldade de entendimento é normal e, mesmo após explicações, a conceituação de espasticidade permanece pouco compreendida pela maioria.

Com a desistência de ir a fundo neste entendimento, o convívio com a espasticidade torna-se prático, haja vista a sua forte manifestação física no paciente e a necessidade de manejo para aplacar seus efeitos. O que as pessoas querem e precisam é aprender a lidar com esta dificuldade.

Perguntas e Respostas sobre espasticidade

Então, para que você entenda melhor a espasticidade, vamos a algumas perguntas bem práticas que devem ser respondidas, dando maior luz ao tema:

1) A ESPASTICIDADE tem cura? Não, mas tem melhora.

) Que tipo de melhora se pode esperar para a ESPASTICIDADE? Uma recuperação funcional (que permite movimentos mais ou menos úteis) pode ser esperada nos casos leves e, às vezes, nos moderados. Nos casos graves a melhora funcional não acontece, mas é preciso manter músculos e articulações íntegros em sua amplitude, a fim de evitar consequências ortopédicas graves. O tratamento deve ser ininterrupto.

3) Como a melhora da ESPASTICIDADE pode acontecer? São vários os tratamentos cientificamente aceitos e usados para a espasticidade. Alguns são aplicados pelo médico, como medicamentos e cirurgias, enquanto outros são recursos físicos, como técnicas de manipulação, exercícios, gelo, calor, estimulação elétrica, biofeedback, órteses e outros, utilizados principalmente por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.

Muito importante é a participação constante da família, que ajudará a manter o posicionamento correto do paciente nas diversas posturas diárias.

4) Como a ESPASTICIDADE evolui no paciente SEM tratamento correto? Numa lesão neurológica estável (como o AVC), a espasticidade atinge um ponto de intensidade e, geralmente, se mantém assim. Já numa lesão progressiva (como na esclerose múltipla), ela pode progredir em intensidade. No entanto, em ambos os casos, algumas consequências secundárias aparecerão. As principais são: encurtamentos, deformidades, luxações, dor, paralisia dos movimentos e incapacidade funcional.

Com tratamento o resultado pode ser ótimo…

4) Como a ESPASTICIDADE evolui no paciente COM tratamento correto? Como dissemos antes, a espasticidade requer tratamento adequado e ininterrupto. Desta forma, é possível, antes, evitar consequências que reduzam a qualidade de vida (dor, por exemplo) e, depois, tentar uma recuperação funcional relativa. De fato, excetuando-se os casos mais graves, muitas vezes é possível manter uma estabilidade da espasticidade e de suas consequências.

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5) Quais são as consequências da ESPASTICIDADE? As principais são: encurtamentos, deformidades, luxações, dor, paralisia dos movimentos e incapacidade funcional. As deformidades, geralmente por anquilose das articulações, e as luxações (desencaixes das articulações) são consequências diretas dos encurtamentos musculares progressivos causados pela espasticidade.

A dor costuma ser sentidas com a progressão dos encurtamentos dos tecidos envolvidos (muscular, ligamentar, tendinoso…), principalmente quando se tenta alongar a região. Nesses casos, além da espasticidade, entra em jogo as chamadas “posturas antálgicas”, onde o paciente recolhe automaticamente a área afetada, a fim de fugir da dor, aumentando o encurtamento.

Importante:

Muitas vezes a dor não vem da espasticidade e de suas consequências, mas vem de algumas regiões cerebrais que foram afetadas (quase sempre os tálamos). Aqui, o paciente sente uma dor constante, desde o início, mesmo sem encurtamentos ou deformidades. Esta dor (chamada dor neurológica) aumenta com o manuseio da região, como para trocar a roupa ou fazer fisioterapia.

Quanto à paralisia dos movimentos e incapacidade funcional, são consequências diretas da espasticidade. Um músculo espástico é um músculo mais ou menos paralisado numa posição típica, incapaz de funcionar adequadamente. No entanto, paralisia e incapacidade possuem outras causas sobrepostas, como a própria morte dos neurônios lesados, interrompendo os circuitos neurais antes ativos. Assim, paralisia e incapacidade funcional também podem ocorrer sem a manifestação da espasticidade. Mas quando há espasticidade, há paralisia e disfunção.

Repare nesta sequência de imagens de uma mão espástica, que se mantém numa postura típica de flexão dos dedos e que resiste fortemente a tentativa de estendê-los:

Mão espástica
Mão espástica

Ao tentar tal manobra, advém a dor, impedindo, num primeiro momento, a abertura da mão. Temos aqui o encurtamento, a dor, a paralisia dos movimentos e a incapacidade funcional, todos frutos da espasticidade.

E na prática?!

6) Na prática, o que se pode fazer para melhorar esses quadros instalados de espasticidade? O fisioterapeuta especializado é o profissional habilitado a ensinar o manuseio da espasticidade a familiares, técnicos de enfermagem, cuidadores e ao próprio paciente. Talas, órteses, posicionamentos, inibições e facilitações, uso de alguns recursos físicos (não todos) são incentivados e devem ser aprendidos minimamente por todos que lidam com o paciente.

Da mesma forma, o profissional de reabilitação deve trabalhar em contato com o médico neurologista, haja vista os ótimos resultados que medicamentos (como a toxina botulínica) podem proporcionar. Como dito antes, a ESPASTICIDADE tem melhora. O que não se pode fazer em relação a ESPASTICIDADE é evitá-la, desprezá-la, como se não estivesse ali, permitindo aumentar gradativamente os problemas do paciente e piorando a sua qualidade de vida. Uma simples consulta com profissional habilitado pode ajudar muito e deve ser incentivada.

7) E a fisioterapia para a ESPASTICIDADE? Sim, a Fisioterapia é o tratamento de eleição para tratar a espasticidade. Nenhum outro profissional irá ter uma atuação tão direcionada e tão necessária para a espasticidade, quanto o fisioterapeuta. Os recursos são muitos e os resultados favoráveis.

Por último, vale lembrar que existe um outro tipo de hipertonia, chamada hipertonia rígida, que é típica da doença de Parkinson e outros quadros que afetam neurônios dos “núcleos da base”. Mas este é assunto para outro artigo. Por ora, salientamos que HIPERTONIA RÍGIDA E ESPÁSTICA podem ocorrer juntas em um mesmo paciente.

Adriano Daudt
Fisioterapeuta
Crefito5 19368F

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